30.7.12

Férias



Começaram oficialmente e estamos quase a deixar Lisboa, rumo a um sul nos faz bater mais o coração.
Ao ritmo dos dias longe das rotinas, as próximas notícias vão aparecer por aqui, para manter a tradição.

Até breve!

E por dias de festa



Adoro receber amigos em casa. Por muitos motivos, nem todos justificáveis, há muito tempo que não saboreava este imenso prazer. Ontem foi dia! 
Adivinha quem vem jantar? É decididamente a pergunta que me apetece voltar a fazer, com muita frequência!

Dias de Festa



Gosto de dias de Festa. 
E das pessoas que fazem da vida uma festa e que estão genuinamente de bem com a Vida!

Parabéns J & J, que venham muitos e muito felizes!

29.7.12

A confissão


Talvez por ser há muitos anos uma fã incondicional da escrita de Mia Couto tenha estranhado o que senti, do principio ao fim do seu último livro. 
Mia Couto não é consensual. É um pouco na linha dos escritores que se gosta ou se odeia. O que sempre mais me atraiu e prendeu na sua escrita foi a sua inesgotável capacidade de reinventar o léxico, recriando a palavra nos tons e sons de uma África que sendo tão sua, se tornou, sem qualquer raíz que a ela me prendesse, facilmente minha. Reconheci, contudo, que a dado momento seria necessário fazer uma viragem. Sempre que lia mais um dos seus livros necessitava de um tempo de pousio. Tanta reinvenção começava a tornar-se pesada. Essa viragem fez-se notar com grande evidência n ´O outro pé da sereia. Apesar de tudo, e de um claro limar de arestas, África em toda a sua pujança continuava lá, inteira e pura. E eu continuei, rendida e apaixonada.
Confesso que não li o conceituado Jerusalém [o do Mia Couto, que também há o do Gonçalo M. Tavares] e talvez por isso me faltem coordenadas para esta passagem que senti tão brusca, mas a verdade é que pela primeira vez percorri África sem vestígio de alma, sequer nas entrelinhas. 
À exceção de alguma passagens, a confissão da leoa tem uma escrita distraída, desapaixonada e, atrevo-me a dizer, descomprometida com algo que não seja o cumprimento de uma métrica, de um numero de caracteres e, quiçá, os timings comerciais da editora. Soou-me a pressa. Páginas com demasiados artifícios físicos para render volume encadernável. Palavras repetidas revelando, no limite, uma revisão de texto inexplicavelmente descuidada.
Sabendo que a vida muda e nos muda em boa parte a forma de a sentir e ler, dou o benefício da dúvida e penso que pode ser de mim. Valerá então a pena resgatar à estante um daqueles por que me apaixonei para perceber afinal, o problema é meu ou dele.

Mas nas férias, outras companhias bem diferentes vão fazer parte da bagagem.

27.7.12

Blogosfera



Um dia. Um dia prometo escrever sobre tudo e tanto que a blogosfera já me trouxe de bom. Se quando aqui cheguei a única intenção era a partilha, hoje confirmo que essa missão foi amplamente cumprida e largamente superada. No que à minha experiência toca, só posso falar de experiências boas e pessoas especiais.

Um dia destes recupero fôlego nos dias, tomo as rédeas à palavra e escrevo umas boas linhas sobre uma mão cheia de cumplicidades.

Hoje apenas e só Obrigada de coração, Scarlet Red, por este querido. Vou de férias e vais comigo!


14.7.12

Chiado
























*


À pergunta onde vamos? responde invariavelmente ao Chiado!
Hoje não me apetecia nada ver cidade. Para dizer a verdade, o que me apetecia mesmo era um belo dia de praia, mas o senhor das chaves não esteve para aí virado. Na minha cabeça a alternativa era Sintra, mas almoçar o melhor frango de churrasco do mundo no Cais do Sodré e depois voltar tudo para trás foi tão dissuasor como decisivo. A condição foi deixar o carro cá em baixo e fazer tudo a pé.
Apesar de tentar contrariar esta sua recorrência no programa, o Chiado, as ruas da antiga Lisboa, merecem sempre uma visita atenta e sabem sempre bem.

*últimas duas fotos, by M.

God save my Queen!


10.7.12

Não me venham com merdas

Estou farta de ver lavar roupa suja e não me apetecem palavras com Soflan. 
Num país onde a grande ambição da maioria era ganhar o euromilhões para deixar de trabalhar e se continuam a fomentar os títulos académicos, na provinciana fobia de sermos todos doutores e engenheiros,  os Sócrates e Relvas da vida nunca serão mais do que um espelho do ninho que os criou e alimenta.
Não me venham com merdas nem branquear comportamentos com lixívia. A maioria ataca porque não pode ter, porque não pode fazer. Porque no dia a dia adora roçar o dito pelas cadeiras, na esperança que alguém faça por si ou ninguém dê pelo que não fez. E se derem pela falta, que tenha à mão de semear a quem possa atirar a culpa. Viagens em primeira classe? Carros de grande celindrada? Privilégios leoninos? Títulos sem percurso académico? Deus meu! Quantas resmas de papel, caixas de elásticos e de clipes e packs de bic se levaram e levam do escritório para casa, porque o puto pediu e o patrão que se lixe, que o gajo é rico e eu não vou ao hiper só por causa disto!... A diferença está apenas na escala da relação oportunidade-oportunismo que temos à mão. 
Somos bestiais a trabalhar lá fora? Além fronteiras, não há quem não queira um porteguesinho? É verdade! Mas infelizmente ao olhar para o estado do país isso só vem confirmar que somos um portento a servir os outros enquanto cá dentro só somos muito bons a servirmo-nos. Há honrosas exceções? Há! Pois claro que há! Pray to the Lord e mãozinhas ao alto, por isso!
Apesar das evidências de um mercado de trabalho saturado de licenciados sem reais oportunidades de emprego, papás e mamãs deste quintal à beira mar plantado continuam a investir e insistir que os petizes lá de casa ingressem no ensino superior, seja a que preço for. O desconto só se faz para a vocação, seja ou não sentida. Faz-se das tripas coração para que os meninos e meninas não tenham deslizes, que não percam anos, mesmo que ao longo deles sejam sustentados a balões de soro ou amparados em todos os caprichos. Não podem ter frustrações, sobressaltos, coisas que os amofinem. Tudo em nome das boas notas e das médias que lhe abrirão as portas das faculdades, do sucesso e da felicidade prometida. O nirvana das pessoas bem sucedidas, pois claro! O que parece ser perigosamente esquecido neste percurso é que mesmo que andem muito direitinhos a vida toda - coisa que só por si é contrário à natureza humana - a vida se encarregará de lhes pregar algumas boas rasteiras e que o ideal era que, de pequeninos, aprendessem a levantar-se sozinhos. Perder um ano ou não ter médias para atingir os objetivos pretendidos pode bem ser uma boa maneira de o fazerem. Se não conseguem ter maturidade para perceber que só com trabalho, entrega e uma boa dose de sacrifício se chega onde se quer - e muitas vezes, nem assim - é bom que a ganhem, com nova revisão da matéria dada. Falo obviamente de adolescentes a quem nada falta e para quem a única preocupação e ocupação é estudar. Uma boa parte, não sabe sequer dobrar a roupa que veste, não é obrigado ou incentivado a arrumar o seu quarto ou a não deixar espalhado por onde passa os restos da sua vida no universo... já nem falo em cozinhar a sua refeição. 
Não me venham com merdas. Não nascemos todos para ser doutores e engenheiros. Arquitetos e deputados. Também nascemos para ser pianistas, trapezistas, condutores de taxi, padeiros, pasteleiros, pedreiros e costureiros. Bailarinos, canalizadores ou eletricistas. Há, na realidade, quem pudesse ser incomparavelmente mais feliz, realizado e bom a ser tudo isto e tantas outras coisas. Ao contrário do que pensamos, não somos formados. Há muitos anos que somos enformados, enfornados e desenformados. Produção em série, geração atrás de geração. Ou, dito de outra forma, formatados para ser todos iguais. E os resultados estão à vista. As evidências falam por si. Somos cada vez mais um país licenciado em inúteis profissionais. E o pior é que é gente com talento e garra que nos faz falta. Só as pessoas verdadeiramente realizadas e empenhadas em fazer bem o que fazem geram diferença e riqueza.
Enquanto pensarmos como pensamos são os Sócrates e os Relvas que temos e que merecemos. E não é cá por coisas nem karmas, mas por este caminho, é o que vamos ter, é o que vamos ter...